Ilustração: Primeira igrejinha de N. S. da Saúde, em Lambari, MG - Primeiras décadas dos anos 1800
(Lambari) nasceu, cresceu e vive à sombra de sua água mineral, e, na época em que apareceu a água, o seu aparecimento deveria ter repercutido em toda comarca do Rio das Mortes e em toda Capitania de Minas Gerais como um acontecimento de grande significação.
José Nicolau Mileo - Subsídios para a história de Lambari
No texto abaixo, vão ligeiras informações sobre a água, o seu uso pelos seres humanos, os poderes a ela atribuídos e as crenças e rituais disso derivados, nos campos da saúde, da cultura e da religião, desde a pré-história até os dias de hoje.
Por fim, recordamos que o culto a Nossa Senhora da Saúde, em Lambari, e a construção da primitiva ermida a ela dedicada, e da antiga igreja e da nova matriz que vieram a seguir, estão ligados às virtudes terapêuticas das águas minerais.
Vamos lá.
Lazzerini & Bonotto, no artigo Fontes de águas “milagrosas” no Brasil [1], anotam que, desde a pré-história, a mais de um milhão de anos, encontram-se registros de benefícios emocionais, mentais e fisiológicos produzidos por substâncias minerais e processos geológicos, como usos curativos de argilas e águas.
Na atualidade, prosseguem os autores citados, ocorrem "fontes sagradas" na Europa, Ásia, América, em países como: Irlanda, Grécia, Israel, Índia, Tibete, Arábia Saudita, França, Turquia, Bélgica, EUA.
Gruta e fonte em Lourdes (França), onde N. S. de Lourdes apareceu à menina Bernadette, em 1858
Narra-se que a aparição (Virgem Santissima) convidou Bernadette a cavar o chão e beber a água da nascente que encontrou lá. Como a notícia se espalhou, essa água foi administrada em pacientes de todos os tipos, e muitas curas milagrosas foram noticiadas. (Fonte: Wikipedia)
Na Bíblia, vamos encontrar referências a locais/águas sagrados. Por exemplos:
Jesus curando o paralítico, no Tanque de Betesda (Fonte: Rude Cruz - aqui)
No Brasil, há inúmeras ocorrências históricas de culto à água, como estas: vestígios arqueológicos no Rio Grande do Norte e Ceará sugerem simbologias de culto à água; populações primitivas ou tradicionais (indígenas e comunidades de pescadores, caiçaras, sertanejos, etc.) sempre renderam algum tipo de culto às águas e seus seres, e assim também os cultos afro-brasileiros; e, desde a vinda dos jesuítas, ocorreram inúmeros registros de relações das águas com a religião católica, como os que seguem abaixo: [1] [2]
Em Canindé, o roteiro devocional inclui, além da Basílica, outros pontos importantes, como a estátua de São Francisco, inaugurada em 2005. Possuindo 30 metros de altura, está localizada no morro do Moinho, dialogando agora com o símbolo maior que é a Basílica, sendo um dos lugares mais visitados na cidade (Fonte: ufrj.br/16/teses/775268.pdf)
Em 1918, Trajano Vaz retratou o encontro da imagem do Senhor Bom Jesus de Iguape, na Praia do Una, Juréia, no ano de 1647. (Fonte: Wikipedia - aqui)
Em Tiradentes (MG), fica Águas Santas, onde se ergue a Igreja de N. S. da Saúde, cujas águas medicinais, descobertas em meados do Século XIX, brotam do sopé da Serra de São José (Fonte: IHGT - aqui)
Vê-se, assim, que, como em todo mundo, no Brasil também é historicamente popular a crença no poder miraculoso de certas fontes, chamadas de milagrosas, santas, sagradas, virtuosas ou mágicas. [1]
Além da importância fundamental ao meio ambiente, as águas de fontes santas, milagrosas ou curativas possuem estreita correlação com a origem, história, tradição, saúde, religião, ciência e economia humana.
Fontes de águas “milagrosas” no Brasil - Fábio Tadeu Lazzerini e Daniel Marcos Bonotto
A expressão Águas Virtuosas designava as propriedades curativas e medicamentosas das águas minerais e sua ação terapêutica e preventiva em face de diversas doenças. Expressões como água santa, milagrosa ou curativa também foram usadas para nomear as águas minerais em diversas regiões do País. [1]
Em Minas Gerais, dois filões geológicos de águas virtuosas, constituindo cada um deles uma bacia subterrânea independente, brotam do Planalto da Mantiqueira: Lambari e Cambuquira — Caxambu e São Lourenço. [4]
Note-se que expressão águas virtuosas foi associada também às águas de Caxambu e Cambuquira, descobertas posteriormente às de Lambari. As Águas Virtuosas de Baependy (depois Caxambu) foram descobertas em 1814, e as Águas Virtuosas de Cambuquira, nos anos 1860.
Por sua vez, a descoberta das Águas Virtuosas de Lambary ocorreu anos antes, em 1780/90, sendo elas designadas inicialmente por Águas Virtuosas de Campanha do Rio Verde, Águas Santas da Campanha e Águas Virtuosas da Campanha. Quando foram descobertas, eram conhecidas em todo território nacional apenas duas fontes hidrominerais: a fonte do Cipó, na Bahia, descoberta em 1730, e a fonte de Caldas Novas, em Goiás, descoberta em 1737. [5]
Reprodução: Jornal do Comércio, 5, dez, 1843
Informa José Nicolau Mileo que a descobertas dessas fontes traçou os destinos do atual município de Lambari,
que nasceu, cresceu e vive à sombra de sua água mineral, e, na época em que apareceu a água, o seu aparecimento deveria ter repercutido em toda comarca do Rio das Mortes e em toda Capitania de Minas Gerais como um acontecimento de grande significação, já que até quando foi descoberta assinalavam-se em todo território nacional apenas duas fontes hidrominerais: a fonte do Cipó, na Bahia, descoberta em 1730, e a fonte de Caldas Novas, em Goiás, descoberta em 1737. [5]
A devoção a Nossa Senhora Aparecida e a descoberta da “Água Santa” em Lambari
Mais tarde, passava pelo lugar uma estrada, e o boiadeiro ou tropeiro, parava, chegava reverente até a nascente da ÁGUA SANTA, bebia, punha um pouco sobre a cabeça nua, banhando os cabelos e a testa, e enchia uma botija, que levava com escrupuloso cuidado para operar a uma, a 50, 80 e cem léguas de distância.
Extraído de A LENDA DAS ÁGUAS VIRTUOSAS, texto atribuído a Américo Werneck (aqui)
Como se sabe, foi quando da passagem de D. Pedro de Almeida Portugal, então Governador de das Províncias de São Paulo e Minas do Ouro e futuro Conde de Assumar, pela Vila de Guaratinguetá rumo a Vila Rica, em 1717 (*), que, segundo a tradição devocional, se deu o achado por pescadores da imagem de Nossa Senhora da Conceição, posteriormente nomeada Nossa Senhora Aparecida. [13]
Tempos depois, Nossa Senhora da Conceição Aparecida passou a ser cultuada em ritos domésticos, em pequenos altares e oratórios [9], prática essa que se estendeu por diversos lugares, com fama da Senhora levada por tropeiros, sertanistas e mineradores. [13]
(*) - Neste ano, em outubro, completam-se 300 anos da aparição da imagem da Virgem Maria.
Imagem de Nossa Senhora Aparecida, que apareceu para os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves em outubro de 1717. (Wikipedia - aqui)
A disseminação das capelas dedicadas à Nossa Senhora Aparecida coincide com a notícia do achado das águas minerais na região de Lambari [9], visto que de 1780 a 1790 situa-se a década provável da descoberta das águas. [7]
De fato, em 1780
Velhas memórias, surgidas de poeirentos alfarrábios, mostram-nos que a descoberta da preciosa fonte data do fim do século passado [Século XVIII]. Segundo uma dessas memórias, trazidas a lume pelo Dr. Pires de Almeida, foi em 1780 que o proprietário daquelas terras, Antônio d'Araújo Dantas, deu fé da Água. [16]
Em 1780, tais águas eram procuradas por moradores da Comarca e viajantes de tropa, atraídos pelas suas qualidades específicas. [14]
Mais tarde [a partir de 1780/90] o povo lhe reconhece as propriedades medicinais e espontâneo lhe vêm o nome: Águas Santas, ou Águas Virtuosas. [16]
Circulando pela Estrada Velha, ou Caminho Velho [que ligava a Corte (Rio de Janeiro) à cidade de Campanha, passando por Guaratinguetá], tropeiros, sertanistas, mineradores, boiadeiros e outros viajantes trouxeram à Região do Lambari o achado da Senhora Aparecida, e provavelmente foram esses mesmos que levaram às localidades por onde passavam as “curas milagrosas” produzidas pela “água santa”, por intercessão de Nossa Senhora da Saúde. [9]
Àguas Virtuosas de Lambary e Nossa Senhora da Saúde
Obtida a licença necessária, erigiu uma linda e rústica capela, dedicada à Nossa Senhora da Saúde, e, no meio de numerosos convidados, efetuou-se o enlace feliz.
Extraído de A LENDA DAS ÁGUAS VIRTUOSAS, texto atribuído a Américo Werneck (aqui)
O culto a Nossa Senhora da Saúde, em Lambari, como decorre da tradição devocional, está claramente associado às virtudes terapêuticas das águas minerais. Alguns registros documentais e a criação de uma lenda – A lenda das Águas Virtuosas – ajudam-nos a resgatar esse aspecto singular da história de nossa cidade.
A lenda se baseia no uso da água virtuosa por uma jovem de nome Cecília, que, curada de seus males, pediu ao pai que erguesse uma capelinha em homenagem a Nossa Senhora da Saúde. [15] Note-se que o fundo religioso dessa história – a fé na Virgem Santíssima e os poderes curativos atribuídos às águas virtuosas – deve ter vindo naturalmente da tradição oral que a religiosidade popular teceu nos anos seguintes à descoberta das águas santas, dentre as muitas histórias que circulavam acentuando seus poderes curativos. [9]
E as razões históricas encontram-se num pedido da Câmara da Campanha da Princesa, para construção de uma ermida, nas proximidades das nascentes das "águas santas" e num grupo de católicos devotos que conceberam a ideia de erguer uma igreja sob a invocação de Nossa Senhora da Saúde.
Vejamos abaixo os dois casos.
Diz uma lenda corrente nos primórdios de Águas Virtuosas que a devoção a Nossa Senhora da Saúde começou quando: [8] [9]
(...) por volta do ano de 1870, na cidade de Campanha, um africano de nome Antônio de Araújo Dantas revelou ao moço de nome Tancredo a existência de águas curativas, que existiam atrás da serra, numa nascente perto de um riacho.
Tancredo era noivo da moça de nome Cecília, filha de Antônio Alves Trancoso, fazendeiro de Passos, que submetia a filha a longo tratamento médico, mas já sem esperança de curá-la.
Tancredo fala-lhe das águas, nas curas maravilhosas de que tinha notícia, e insiste com o futuro sogro para ir ao lugar e levar a filha. Trancoso já desanimado com o tratamento médico, resolve buscar a cura por meio das águas virtuosas.
Aqui ficou por algum tempo e sua filha com o uso das águas durante uns 20 dias apenas, nada mais sentia de seus antigos males.
Cecília radicou-se ao lugar por uma afeição de grande agradecimento e, devota que era de Virgem Maria, pediu a seu pai para construir uma capela, sob a evocação de Nossa Senhora da Saúde. Trancoso voltou a Campanha, obteve autorização do Eclesiástico local e construiu a igreja, na qual, após a bênção pelo Capelão da Campanha, se realizou o seu casamento com Trancredo.
Isso reza a lenda; no entanto, a realidade histórica é outra. Com efeito, o Monsenhor José do Patrocínio Lefort escreveu:
Sem fundamento algum, a não ser a imaginação fantástica de um contista, é a lenda de Cecília, filha de Antônio Alves Trancoso, [que] teria feito uso da água e se curado de um mal grave. É estoria de Werneck para efeito de propaganda, pois não existia a família Trancoso nem em Passos nem no Sul de Minas. [A sublinha é do original.] [7]
NOTA: Essa lenda encontra-se também nestes textos:
A Ermida de Águas Virtuosas da Campanha
Os registros históricos reportam-se à criação de uma ermida, nestes termos:
A Câmara de Campanha em 24 de janeiro de 1827 oficiara ao Visconde de Caeté, então presidente da Província de Minas Gerais, encarecendo a necessidade de se construir "uma pequena Ermida para se dizer a Missa ao Povo" e, em 1832, a mesma Câmara propôs que se marcasse "o lugar próprio para a fundação do Templo que deverá fazer para a Povoação". [10] [11]
Mas, por aquela época, eram precários tanto os caminhos que levavam às fontes das águas quanto as habitações e construções da localidade, e só mais tarde os poderes constituídos de Campanha mandaram mudar e atalhar muito próximo das fontes o caminho para o Rio de Janeiro (Estrada Geral), com o que se deu o crescimento do arraial e a construção da citada ermida. [17]
De fato, em 1830, separa-se uma área patrimonial, dentro da qual, em 1832, foi escolhido um trecho para a construção de um templo dedicado a Nossa Senhora da Saúde. Mas a ermida só aparece em 1837, como registrou o memorialista Armindo Martins:
A fundação da Capela da atual Lambari, naquele tempo Águas Virtuosas da Campanha, foi levada a efeito, depois de 1837. Seu primeiro capelão foi o Cap. Pe. Inácio Barbosa Martins, que pontificou de 1835 a 1841. [11]
Quatro anos depois, ela foi ampliada pelo vigário da Paróquia do Senhor Bom Jesus de Matozinhos do Lambari. A área no entorno da ermida foi loteada, os terrenos vendidos e grande foi a afluência dos visitantes à procura de saúde. [7]
Em substituição à primitiva igrejinha, foi construída a primeira matriz dedicada a Nossa Senhora da Saúde, cujas obras iniciaram em 1853 e terminaram no transcurso da década de 1870. [18]
A iniciativa da obra deveu-se a habitantes da povoação de Águas Virtuosas, [que] “conceberam a ideia de construir uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Saúde (...) e deliberaram promover uma subscrição para a ereção do templo”. Para tanto, “criaram a mesa administrativa composta dos Srs. Bento Antônio dos Santos, presidente e tesoureiro, Manoel Joaquim do Nascimento, secretário, Manoel Izidoro de Carvalho, José Francisco de Oliveira e José Teixeira Fortes, procuradores”. [12]
Desde 1843 até 1861,
(...) conseguiram assinaturas na importância de 3:290$, tendo sido paga a quantia de cerca de 1:000$. Há pagar-se a quantia de cerca de 2:287$, além de várias promessas de ornamentos para a igreja, de um sino, de um missal, etc. [12]
Até meados dos anos 1870, as obras não haviam terminado:
(Águas Virtuosas da Campanha) possui uma boa igreja, ainda não concluída, dedicada a Nossa Senhora da Saúde e que foi construída com esmolas dos fiéis, sendo as mais avultadas as que foram ofertadas pelos comendadores Lucas Antônio Monteiro e José de Souza Breves. [19]
Por essa época, os diretores das obras da igreja eram: Vigário João Batista das Neves (pontificou de 1871 a 1877), Antônio Joaquim do Nascimento e Antônio Pereira de Gouveia
Em 1850 a assembleia provincial elevou a povoação de Águas Virtuosas à categoria de freguezia, servindo de sede a de Lambary [atual Jesuânia], até que se fizesse a igreja das Águas Virtuosas, para o que decretou 2:000$. [12]
Reprodução: A Atuaclidade - 24, ago, 1881
Ilustração: Reprodução de foto do Padre Antônio Lemos Barbosa, em 1959, por ocasião de seu jubileu sacerdotal (Fonte: Revista Vida Doméstica - Out/1959)
Já escrevemos um texto sobre a vida literária do Padre Antônio Lemos Barbosa, que foi pároco em Lambari nos anos 1938-1946 (aqui).
Neste post, vamos comentar um pouco sobre sua vida eclesiástica e acadêmica, e bem assim sobre suas atividades de capelão militar do Exército brasileiro.
Vamos lá.
Antônio Lemos Barbosa (Três Corações, MG – 15/09/1910 - Rio de Janeiro, RJ, 06/09/1970), filho de fazendeiros, fez os estudos de humanidades no Seminário Diocesano de Campanha, sendo depois enviado ao Pontifício Colégio Pio Latino Americano de Roma, onde cursou, por 7 anos, a Universidade Gregoriana, doutorando-se ali em Filosofia e Teologia. Foi ordenado padre a 24 de julho de 1934 pelo Cardeal Marchetti-Selvagianni, vigário-geral de Roma. Celebrou sua primeira missa rezada nas catacumbas de Santa Domitila e a cantada no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, do qual foi o primeiro aluno e o primeiro sacerdote. (Jornal do Brasil 20, nov, 1956)
Exerceu, sucessivamente, as funções de Secretário do Bispado e Cura da Catedral de Campanha, professor de Teologia Fundamental do Seminário Central de São Paulo, pároco de Lambari, MG e professor de Etnografia e Línguas Indígenas da Universidade Católica do Rio de Janeiro. (Revista Vida Doméstica - Out/1959) (A Cruz 19, jul, 1959)
A partir de 1947, dedicou-se à Igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana, participando ativamente de sua reconstrução, tendo sido nomeado seu reitor em 1954. Dessa fase, Padre Barbosa deixou, ainda, dois imóveis para a construção da futura Igreja da Ressurreição. [3] Introduziu também no Rio de Janeiro as missas ao ar livre, tornando a histórica igrejinha conhecida em todo o País.
Sua atuação sacerdotal se caracterizou por intensa disciplina litúrgica, aproximação das massas e constante doutrinação evangélica, através de uma pregação direta e simples. (A Cruz 19, jul, 1959)
Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de setembro de 1970.
Reprodução: Jornal do Brasil 7, set, 1970
Em setembro de 1947, por Portaria do Ministro da Guerra, o Padre Antônio Lemos Barbosa foi classificado na capelania do distrito de Defesa da Costa, no posto de Capitão Capelão Militar.
Fonte: A Manhã - 26, set, 1947
Capelão do Forte de Copacabana, que foi construído em área desapropriada em 1908, na qual existia uma antiga igrejinha de N. S. de Copacabana, Padre Barbosa ideou a reconstrução dessa Igreja no própro bairro de Copacabana, e liderou intenso movimento nesse sentido.
Em próximo post, intitulado Padre Antônio Lemos Barbosa e a Igreja de N. S. de Copacabana, vamos enfocar esse tema.
Reprodução: Revista Vida Doméstica - Ago/1957
Pároco em Lambari nos anos de 1938-1946.
Em 1940, preparou em Lambari, com ajuda de senhoras da sociedade local, uma diferenciada Semana Santa, que atraiu inúmeros turistas. Para essa cerimônia, convidou brilhantes oradores sacros: os padres doutores José Mass Papajos, Carlos Ortiz e Joquim Machado (Correio da Manhã 13, mar, 1940).
Reprodução: Correio da Manhã 13, mar, 1940
Em 1945, organizou a Segunda Exposição-Feira de gado, em benefício das obras da nova Igreja Matriz de Nossa Senhora da Saúde, que, repetindo o sucesso da primeira, realizada em 1944, atraiu inúmeros turistas e fazendeiros da região e de outros estados, entre eles João Nunes Ferreira e Virgílio Dias Ribeiro (O Jornal 6, mar, 1945).
Reprodução: O Jornal 6, mar, 1945
Reprodução: Tribuna da Imprensa 22, jul, 1959
Na semana de 13 a 19 de junho de 1955, por ocasião do Congresso Eucarístico Diocesano, e dentro dele a solene Sagração da Nova Matriz, coube ao Padre Barbosa presidir a Missa Solene, cantada pelo coro paroquial de Lambari, e realizada no dia 14 de junho.
Em junho de 1957, a TV Rio, Canal 13, passou a transmitir ao vivo, domingo às 13 horas, a Santa Missa celebrada na Capelinha de Nossa Senhora de Copacabana, com explicações dadas pelo Padre Barbosa. Como se recorda, a missa era em Latim. (Correio da Manhã 30, jun, 1957)
Reprodução: Correio da Manhã 30, jun, 1957
No Rio de Janeiro, em Copacabana, no início dos anos 1950, quando ainda não se construíra a nova Igreja de Nossa Senhora de Copacabana, e como a capelinha improvisada não comportava o grande número de assistentes, Padre Barbosa realizava missas ao ar livre, o que foi gostosamente acatado pela sociedade católica da então capital do País. (Tribuna da Imprensa 22, jul, 1959) - (A Cruz 19, jul 1959)
Em 1959, por ocasião da comemoração dos 25 anos de sacerdócio, Padre Barbosa deu uma entrevista ao jornal Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro, no qual, respondendo à pergunta — Qual foi sua maior alegria nestes 25 anos de sacerdócio? — ele referiu um fato ocorrido à época em que exerceu suas atividades religiosas em Lambari.
Confira:
Tribuna da Imprensa 22, jul, 1959
Comemoração dos vinte e cinco anos de sacerdócio
No dia 24 de julho de 1959, quando completou 25 anos de sacerdócio, Padre Barbosa foi homenageado por 85 famílias de Copacabana, bairro no qual, por sua iniciativa, se erigiu a Igreja de N. S. de Copacabana, da qual se tornara reitor. Nessa ocasião, houve missa, banda de música, um bolo gigante, e o Monsenhor Dorneles Barbosa leu a bênção enviada pelo Papa João XXIII. Além das famílias do bairro, participaram do evento autoridades civis, militares e e eclesiásticas (Jornal do Brasil 26, jul, 1959).
Reprodução: Jornal do Brasil 26, jul, 1959
Reprodução: Tribuna da Imprensa 22, jul, 1959
[1] Jornais: Correio da Manhã, O Jornal, Tribuna da Imprensa, A Manhã, Jornal do Brasil, A Cruz - Edições citdadas acima - Disponíveis em: http://memoria.bn.br
[2] Revista Vida Doméstica – Agosto de 1957 e Outubro/1959 - Disponíveis em: http://memoria.bn.br
[3] http://www.paroquiadaressurreicao.com.br/html/historia.html
[4] http://www.etnolinguistica.org/curso
Ilustração: Reprodução - imagem de N. S. Saúde - Ronaldo Mendes - Disponível em: www.elo7.com.br
Enquanto estiverdes indo pelo mundo inteiro proclamai o Evangelho a toda criatura.
JESUS, Lucas 16,15
Viver na fé e exemplificar os ensinos de Jesus é dar cumprimento às palavras do Cristo, como está prescrito no versículo acima (Mc 16,15).
E dar o testemunho de nossa fé é também uma forma de proclamar o Evangelho. É o que veremos neste post.
Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.
JESUS, Lucas 8,48
Abaixo vai o testemunho de cura, por intercessão de Nossa Senhora da Saúde, feito por ADRIANA SALLES KRAUSS MAGALHÃES, e recentemente divulgado no Mensageiro da Fonte - órgão informativo da Paróquia de Nossa Senhora da Saúde, de Lambari, MG.
Edição de Dez/2016 - Jan/2017
Imagem de abertura: Foto da imagem de N. S. da Saúde existente na Igreja Matriz em Lambari, MG. Escultura em madeira policromada, datada provavelmente da segunda metade do século XVIII. Para mais informações, clique aqui
Já anotamos no site GUIMAGUINHAS a história da padroeira de nossa cidade e a construção das igrejas que foram erguidas em sua devoção (aqui).
Registramos também notícias acerca da construção da atual matriz (aqui), da sagração do novo templo (aqui) e informações sobre o Dr. Benedito Calixto de Jesus Neto, autor dos projetos do Santuário de Aparecida e da Igreja de N. S. da Saúde de Lambari (aqui).
Pois bem, neste post vamos conhecer a história de Nossa Senhora da Saúde, igrejas e festividades que a homenageiam, gravuras e imagens que a retratam e hinos e orações a ela endereçados.
Vamos lá.
Igreja Matriz N. S. Saúde, Lambari, MG e imagem (metade do Século XIX )
Site: Paróquia N. S. Saúde - Lambari, MG - AQUI
História de Nossa Senhora da Saúde
«Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde"
Padre António Vieira. Sermão do Nascimento da Mãe de Deus
Como se sabe, a Igreja Católica invoca a Virgem Maria por meio de muitos títulos [ 1 ], sendo um deles o de Nossa Senhora da Saúde.
A Senhora da Saúde é especialmente chamada em auxílio dos doentes e a devoção a ela baseia-se em relatos diversificados, que ocorrem nas tradições de Portugal, Itália (Veneza) e México (Patzcuaro). [ 1 ] [ 2 ]
Em Portugal, a tradição atribui a Nossa Senhora da Saúde intervenção miraculosa que teria cessado vários surtos de peste, ocorridos no século XVI. A partir daí, em sua honra, nas povoações libertas do flagelo, foram-lhe erigidas igrejas ou dedicadas velhas capelas preexistentes. [ 3 ]
Eis um resumo dessa tradição:
História
O Século XVI foi muito triste para a Europa, com muitas doenças e a grande peste, conhecida como "a peste negra". Ela assolou todo o continente, principalmente Portugal, onde, no verão de 1568, os primeiros sintomas manifestaram-se em Lisboa. O ano de 1569 foi o pior de todos. Os hospitais estavam lotados, não havia onde colocar tantos doentes, muitas pessoas já haviam morrido. Foi necessário recorrer aos condenados das galés para sepultar as centenas de vítimas diárias da peste. O Rei de Portugal, Dom Sebastião, sem mais recursos, pediu à Espanha o envio de médicos e remédios.
O encontro milagroso da imagem
Perto da igreja da cidade de Sacavém, centenas de covas foram abertas para enterrar as incontáveis vítimas. E numa das covas que foram abertas, foi encontrada uma pequena imagem de Nossa Senhora. Isso foi visto como milagre, e missas e procissões foram organizadas pela população. No ano seguinte as mortes foram diminuindo até acabarem.
Festa de Nossa Senhora da Saúde
Assim, foi escolhido o dia 20 de abril para comemorar o fim da terrível peste, e com uma grande procissão, escolheram o nome de Nossa Senhora da Saúde, para agradecer a ajuda de Maria Santíssima. A partir deste ano de 1570, em todos os anos é comemorado o dia da Santa que acabou com a peste em Portugal. Esta devoção se expandiu para a Espanha e por toda a Europa, e Nossa Senhora é lembrada e venerada com este nome há quase 450 anos. [ 2 ] [ 5 ]
Nossa Senhora da Saúde - Itália e México
No livro Maria e seus títulos gloriosos, de Edésia Aducci [ 2 ], há informações sobre a devoção a Nossa Senhora da Saúde, originárias das seguintes tradições:
Basilica di Santa Maria della Salute (Basílica de Santa Maria da Saúde) - Veneza (Fonte: www.expedia.com.br)
Alan Augusto em frente da Basilica di Santa Maria della Salute (2016)
Basílica N. S. Saúde, Patzcuaro, México (Fonte: correndomundo.blogspot.com.br)
Imagens de Nossa Senhora da Saúde
N. S. Saúde, Sacavém, Portugal (Fonte: Wikipedia) Capela N. S. Saúde e S. Sebastião, Lisboa, PT
Imagem S. XVIII - Boa Saúde, RN (Fonte: khristianos.blogspot.com.br) Imagem: S. L. de Ribapinhão, PT (Fonte: http://www.folclore-online.com)
Igreja N. S. Saúde, Poços de Caldas (Fonte: www.tripadvisor.com.br) Imagem Igreja de Valpaços, PT (Fonte: Youtube)
(Fonte: www.lojaencontrocomcristo.com.br) (Fonte: www.arquisp.org.br)
(Fonte: www.altoastral.com.br) (Fonte: www.elo7.com.br)
Igrejas de Nossa Senhora da Saúde
Festividades de Nossa Senhora da Saúde
Significado e simbolismo de N. S. Saúde
Simbolismos: Imagens e gravuras de N. S. Saúde apresentam-se com variada diversificação, tais como cores da túnica (azul ou vermelho) e objetos que porta em sua mão (taça, terço, ramos).
Orações e hinos de Nossa Senhora da Saúde
Hinos à Padroeira - Paróquia N. S. Saúde - Lambari - aqui
Ilustração: Entrada do Restaurante Uai, que funciona em anexo ao Hotel Rezende, em Lambari, MG
Na série Hotéis de Aguinhas, mostramos algumas cenas de minha infância passadas nas redondezas do Hotel Rezende (aqui).
Pois bem, entre essas cenas está o tópico Minha primeira TV, uma Telefunken estralando de nova, que recordo no post abaixo.
Confira:
Nesta semana, depois de muitos e muitos anos, deparei-me com a porta frontal do Hotel Rezende aberta de par em par:
E num átimo me veio à lembrança os "bancos" de onde assistia, em criança, a "minha primeira TV":
Uma Telefunken estralando de nova, que ficava pendurada na parede do salão do Hotel Rezende:
Eu, mais as crianças da rua (Evandro Bacha, Xepinha, Tista, entre outros) e o Zé Paulo engraxate éramos os fiéis frequentadores deste local:
Guima, Xepinha e Zé Paulo engraxate, frequentadores da escadaria do Hotel Rezende, mais tarde jogadores do Juvenil do Águas Virtuosas
E na hora do Repóter Esso, não podíamos nem piscar
Pois bem, agora conheçam essa história, narrada na crônica abaixo:
Foi no Hotel Rezende que "ganhei" minha primeira TV, conforme conto no meu livro de memórias MENINO-SERELEPE*:
Mas quando o seu Toninho de Campos comprou a primeira TV do Hotel Rezende, uma Telefunken estralando de nova, a turminha da rua mais o Zé Paulo engraxate e uns outros meninos que faziam ponto no hotel ficávamos, na ponta dos pés, pescoços esticados, espiando lá do passeio através da janela do salão. Seu Toninho nos deixou ficar assim por uns tempos, mas um dia reuniu a turma, abriu a grande porta de ferro da entrada do hotel e permitiu que sentássemos na escada que dava acesso ao salão, desde que tivéssemos modos e não perturbássemos o sossego dos hóspedes, principalmente na hora do Repórter Esso, que o noticiário testemunha ocular da história era programa sagrado.
E como cumprimos o trato (nunca fizemos uma gata-parida ou um barulhinho que fosse), durante muito tempo essa foi a nossa TV e eu mantinha sob controle, na ponta da língua, a programação dos desenhos, das séries e dos filmes que a turma não podia perder. Quem chegava cedo, pegava os melhores assentos, é claro, e ficava lá esperando que a imagem do indiozinho da TV Tupi desse lugar ao início da programação.
E quando queríamos mudar de canal, fazíamos um gesto pro seu Miquéias Canelhas, o gerente do hotel, que sempre gentil atendia ao pedido da criançada.
Naqueles tempos, a programação da TV começava, geralmente, depois das 3 ou 4 horas da tarde, quando aparecia a figura do indiozinho...
Abaixo, fotos do Hotel Rezende e do Restaurante Uai:
(**) O livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem trata-se de uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.
O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.