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19/02/2018 09h41
MEMÓRIAS DE AGUINHAS - Os planos de Américo Werneck para a estância hidromineral de Águas Virtuosas (1)

Ilustração: Projeto de estufa de ferro e vidro - Blueprint de Poley & Ferreira, 1911 - que seria construída no Parque das Águas de Lambari, por Américo Werneck


SUMÁRIO


Introdução

Trata-se este longo artigo de um resumo dos acontecimentos históricos mais significativos de nossa história, só comparável à descoberta de nossas águas em 1780/90.

Nele vamos tratar dos planos de Américo Werneck para a Estância Hidromineral de Águas Virtuosas de Lambary, primeiro como admirador, frequentador/morador da antiga vila (1889-1908), depois como primeiro prefeito nomeado (1909-1911) e a seguir como arrendatário da estância (1911-1912).

Por sua extensão, dividimos o artigo em duas partes. A primeira segue logo abaixo, a segunda poderá ser lida, na próxima semana.


Índice da 2a.parte

O índice da 2a. parte segue abaixo, e o texto pode ser visto aqui.

  • Críticas a Werneck
    • Suntuosidade das obras
    • Gastança de dinheiro público
    • Exageros da cobertura jornalística
    • Werneck se defende de críticas e acusações
  • A demanda com o Governo do Estado: Caso Minas X Werneck
    • A cidade abandonada
    • Insucessos do Estado de MG na Justiça
    • O STF decide a favor de Werneck
  • Werneck, enfim, recebe a indenização
  • Quem despertará Lambari do seu sonho de longos anos?...
  • Referências

Apresentação

Américo Werneck passou a residir em Águas Virtuosas de Lambary no ano de 1889, vindo de São Gonçalo do Sapucaí, e aqui associou-se ao grupo político que tinha, entre outros, Garção Stockler, João Bráulio Moinhos Vilhena e João de Almeida Lisboa.

Esse grupo vai se fortalecer muito politicamente na década de 1890, vendo na exploração comercial das águas minerais e na fundação de uma estação balneária um grande futuro para Águas Virtuosas.

E Werneck vai abraçar esse sonho com uma determinação irrefreável.


Veja também:

Para saber mais sobre os aspectos políticos e urbanísticos da vila de Águas Virtuosas no final do Século XIX/início Século XX, acesse:

  • Grupo político responsável pelo desenvolvimento da estância aqui
  • Criação da Prefeitura de Águas Virtuosas e o primeiro prefeito  aqui
  • Aspectos da cidade - Final do Século XIX - Início Século XX aqui

Entre 1892 e 1908, Werneck ocupou diversos cargos no Legislativo e no Executivo, no Rio de Janeiro e Belo Horizonte, mas continuou visitando Lambari (era proprietário da Fazenda dos Pinheiros, em Nova Baden, atual Horto Florestal) e sempre ligado aos problemas políticos da localidade. [1]

Assim, em 1909, quando foi nomeado Prefeito de Águas Virtuosas de Lambary e Presidente da Comissão de Melhoramentos e Superintendente das obras fundadoras da cidade (Cassino, Lago, Parque Novo, Parque das Águas, Farol, etc.), já tinha uma longa carreira na vida pública. [2]

Pois bem, a sua formação de engenheiro (a qual ele menciona no livro de memórias da juventude: Judith), sua experiência como consultor técnico de obras públicas em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro,  sua atividade como diretor da Rede Sul Mineira, sua grande vivência na área pública, tudo isso certamente o qualificou para a missão de tornar-se o "artífice de Águas Virtuosas", como Armindo Martins, memorialista de Lambari, o designou. [3]



Neste post, vamos examinar o plano ambicioso que Werneck traçara para transformar Águas Virtuosas numa "estância europeia": as obras que planejou, aquelas que não realizou e o desfazimento do sonho da Vichy brasileira, que se esfumou diante da demanda judicial com o Governo de Minas Gerais.

Vamos lá.

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Uma visão de futuro

Em 1890, Werneck já tinha percepção do que poderia ser o futuro de Águas Virtuosas de Lambary.

De fato, João de Almeida Lisboa, no discurso que proferiu em abril de 1911, por ocasião da inauguração das obras de Werneck, ressaltou que:

Reprodução: O Paiz, de 25,abril, 1911 [4]


Na carta pública que dirigiu, em 13 de maio de 1890, a João Pinheiro, então Presidente do Estado de Minas Gerais, Garção Stockler, aliado político de Werneck

 aponta a necessidade de demarcação e alargamento da área pública, visto que Águas Virtuosas se tratava de "uma localidade crescente todos os dias e em que já faltam terrenos públicos para construção".

Vejamos:

Reprodução. Jornal do Comércio, 7, mai, 1890 [5]

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O plano geral das obras

O Almanaque Laemmert, edição de 1910, traz uma descrição geral das obras planejadas por Américo Werneck, quais sejam:

  • as destinadas à cidade: ruas, calçamento, demolição de prédios antigos, retificação do Rio Mumbuca, luz elétrica, canalização da água potável e rede de esgotos.
  • e aquelas ligadas à estação de águas propriamente dita: cassino, jogos de azar, divertimentos, hotel, teatro, balneário e outros atrativos para turistas. 

Note-se que parte das obras relativas à urbanização realizadas por Werneck já constavam de plano anterior, gestado por Garção Stockler, quando exerceu o cargo de agente executivo municipal (plano de saneamento e embelezamento da vargem e alinhamento das principais vias de acesso ao Parque das Águas).

Confiram o texto do almanaque:


 Reprodução: Almanaque Laemmert, edição de 1910 [6]


O andamento das obras

Notícias de jornais da época mencionam o andamento das obras na estância de Águas Virtuosas:

Reprodução: Jornal do Brasil, 15 de janeiro de 1910 [17]

Reprodução: Correio Paulistano, 15 de abril de 1910 [7]

  •  Notas
    • O "bois de Águas Virtuosas" se refere ao Parque Novo (bois - francês = mata, bosque).
    • Nele se pretendia a disposição de espaços para corrida e foot-ball e a construção de chalés árabes e japoneses.
    • Entre as atividades/serviços/diversões previstos para o Cassino estavam: restaurantes, banquetes, bailes, concertos, jogos de azar, biblioteca, leitura.

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E o sonho ganhava alturas...

A visão de futuro, a capacidade técnica, a força e as alianças políticas do grupo sul-mineiro a que se filiara, a facilidade de articular  e se movimentar politicamente, o acesso a fontes jornalísticas e pessoas influentes, tudo isso fez que o projeto visionário de Werneck conquistasse adeptos e ganhasse alturas.

O texto abaixo, assinado por M. S., da conhecida revista Fon Fon (1907-1958), escrito pouco depois da inauguração das obras em abril de 1911, dá bem uma ideia da grandiosidade que se imaginava para a futura Vichy brasileira.

Confiram:


Reprodução: Revista Fon Fon n. 18, de 1911  [8]


Fundos públicos e fundos privados

As obras realizadas por Américo Werneck na estância hidromineral de Águas Virtuosas, no período de 1909 a 1911, e inauguradas em 24 de abril deste último ano, foram custeadas por recursos públicos, da ordem de 2.200 contos de réis.

Em 16 de maio de 1912, Werneck arrendou ao Governo do Estado a estância de Águas Virtuosas, obrigando-se a concluir obras, realizar outras e fazer novos investimentos. Assim, viu-se na necessidade de buscar associados para o empreendimento, para dar conta do formidável compromisso de investimentos na estância, a que se obrigara por contrato.

Então, entre meados de 1912 e início de 1913, esteve na Europa e Estados Unidos para conhecer sitios e negócios assemelhados à estância de Lambari, como também para atrair investidores. Na verdade, dias depois da assinatura do contrato, aqui mesmo no Brasil ele já procurava sócios para o empreendimento, como noticia o jornal Correio Paulistano, de 20 de maio de 1912:


Reprodução: Correio Paulistano, 20, mai, 1912  [7]

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Obras entregues e festejos de inauguração

Como se sabe, em 24 de abril de 1911, com a presença do Presidente da República, Hermes da Fonseca, do Presidente do Estado, e de inúmeras autoridades, Américo Werneck inaugurou as obras que realizou em menos de 20 meses, contados a partir de setembro de 1909, quando assumiu a prefeitura de Lambari.

Naquela oportunidade, na solenidade em que prestou contas ao Presidente do Estado de MG, Bueno Brandão, dos recursos que investira na estância de Águas Virtuosas, Américo Werneck listou obras e custos. Disse ele:

O governo do Estado entregou-me dois mil e duzentos contos. Que fiz deles?

  • Terras e mananciais adquiridos para prefeitura - 310 contos;
  • Leiteria - 15 contos;
  • Planta topográfica da Vila - 25 contos;
  • Fábrica de gelo - 50 contos;
  • Abastecimento de água - 200 contos;
  • Oito mil metros de novas avenidas - 60 contos;
  • Britador e compressor para reparos ruas - 15 contos;
  • Farol do lago - 15 contos;
  • Embarcações e gôndolas no lago - 30 contos;
  • Usina e instalação energia elétrica - 300 contos;
  • Cassino - 600 contos;
  • Edifício instituto cirúrgico - 25 contos;
  • Parque Novo e respectivo terreno para edificação da praça de natação e esportes - 200 contos;
  • Mata Municipal; 
  • Cachoeira e pontes na barragem do lago
  • Lago Guanabara - 120 contos;
  • Terreno para a nova estação do trem (lado esquerdo do Cassino);
  • Plantas e parte do terreno do Grande Hotel;
  • Planta do teatro (teatro e hotel seriam ligados ao Cassino por meio de galerias...)
  • Projeto do hipódromo.

Para a execução desses trabalhos, acrescentou Werneck, adquirira mais de 100 prédios e removera mais de 200.000 metros cúbicos de terra e moledo.


Quanto às festividades de inauguração, confira estes posts do site GUIMAGUINHAS:

  • "As obras de Werneck"-  aqui
  • Inauguração da "Vichy Brazileira" - 1a. parte - aqui - 2a. parte - aqui

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O fim do sonho

Werneck arrendara a Estância de Águas Virtuosas em 16 de maio de 1912, pelo prazo de 90 anos. Mas em 27 de junho de 1913,  apenas 14 meses depois, alegando  dificuldades criadas por agentes do Estado de Minas na execução do contrato, deu entrada em ação rescisória na Justiça Federal de Belo Horizonte.

Era o começo do fim do sonho, pois Werneck não havia concluído as principais obras que planejara!

Como se verá abaixo, foram imensos os prejuízos para Águas Virtuosas de Lambary, que, a rigor, jamais se recuperou totalmente desse golpe do destino. 

Nossa Vichy ficou no papel...

Nosso Ícaro voara alto demais...

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As obras não realizadas

A planta do Cassino foi elaborada pela firma Poley & Ferreira, do Rio de Janeiro; estes arquitetos desenharam também os planos para a construção do Farol,  do prédio da Usina, do mercado, que não alcançou nossos dias... do grande hotel que devia ser erigido ao lado do Cassino, do Teatro, da Fonte Luminosa e inúmeros adornos para o Parque das Águas, tudo com requintado bom gosto, arte e maestria. Felizmente nem tudo se perdeu; ainda dormem nos arquivos da Prefeitura os projetos, à espera de quem os tenha tirar para um dia se tornarem realidade...

Armindo Martins, Lambari, Cidade das Águas Virtuosas, 1949, p. 103


Muito dos projetos que idealizara Werneck não conseguiu concluir. Como exemplos: 

  • O Cassino nunca funcionou como tal, a não ser na noite da inauguração, e assim mesmo parcialmente;
  • os locais de passeio, lazer, banho e ginástica do Parque Novo, o entorno e os atrativos do Lago Guanabara, os caminhos da Volta da Mata, as obras de reforma e embelezamento do Parque das Águas ficaram inacabados; 
  • o Grande Hotel ficou somente na plataforma do morro da Fortaleza;
  • Leiteria, cuja obra não foi concluída, nunca cumpriu sua finalidade: servir leite fresco, ao pé da vaca, para os turistas, crianças e convalescentes;
  • o bar do holofote, o novo balneário, o teatro, hipódromo não saíram das plantas;
  • A nova estação do trem (que substituiria a Parada Melo, e seria localizada próximamente do Cassino/Parque Novo) e o instituto cirúrgico ficaram no campo das ideias...

 Grande Hotel, Estação do trem, instalações no Parque Novo

À direita do Cassino, ficaria o Grande Hotel, que não passou da plataforma que existe até hoje.

A sua esquerda, a plataforma da Estação de trem, que também não se realizou.


Para o Parque Novo, foram planejadas a construção de coreto para música, de quiosques e de tanque e pavilhões para uso dos banhistas, e também a instalação de espaços para jogos, equipamentos e aparelhos de ginástica, o que não ocorreu.


Adornos para o Parque das Águas

Como escreveu o memorialista Armindo Martins [3], inúmeros adornos para o Parque das Águas, tudo com requintado bom gosto, arte e maestria, em estilo art nouveau, como a estufa de vidro e ferro, fonte com lago, esculturas de garças e figuras humanas, quiosques japoneses, uma grande entrada para o Parque, não foram construídos. [19]

E infelizmente nem mesmo os projetos originais, que estavam guardados nos arquivos da Prefeitura, a que Martins se referiu, sobreviveram, visto o incêndio ocorrido em 1987. (Confira aqui)

Alguns blueprints de projetos não executados, coletados por Francislei Lima da Silva [9] "em uma das salas do Cassino do Lago de Lambari em péssimo estado de conservação", e que passaram somente a "existir como obra de arte, plano de uma pintura da paisagem", podem ser vistos abaixo:


Projeto do arco de entrada para o Parque das Águas [9]


Projeto de viveiro de pássaros para o Parque das Águas [9]

Projeto para estufa de ferro e vidro para o Parque das Águas [9]

Projeto de quiosque para o centro do lago [9]

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Referências

As referências a seguir abragem a 1a. e 2a. parte deste artigo

[1] O Parque Estadual de Nova Baden - aqui

[2] [Américo Werneck]  - Parlamentar e Homem Público - disponível aqui

[3] MARTINS, Armindo. Lambari – Cidade das Águas Virtuosas. 1ª. edição, 1949

[4] O Paiz, de 25,abril, 1911 e 20, mai, 1912 [bn.digital.gov.br]

[5] Jornal do Comércio, 7, mai, 1890 [bn.digital.gov.br]

[6] Almanaque Laemmert, edição de 1910 [bn.digital.gov.br]

[7] Corrreio Paulistano de 15, abr,1910 e 20, mai, 1912 [bn.digital.gov.br]

[8] Revista Fon Fon n. 18, de 1911 [bn.digital.gov.br]

[9] OS MONUMENTOS DA ÁGUA NO BRASIL - Pavilhões, fontes e chafarizes nas estâncias sul mineiras (1880-1925) . Francislei Lima da Silva. [Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2012. Disponível aqui

[10] PIMENTEL, Antônio Fonseca. Memorial dos Setenta. Brasília, DF : Gráfica Brasiliana, 1989, p. 57/58.

[11] A lanterna, edição de 15,ago, 1917 [bn.digital.gov.br]

[12] SOUZA, Heitor. Arrendamento da estância hydro-mineral de Lambary. Belo Horizonte : Imprensa Oficial, 1915.

[13] Rui Barbosa e a Questão Minas X Werneck - disponível aqui - Novos aspectos da Questão Minas X Werneck - aqui

[14]  O Paiz, 20, abr, 1920   [bn.digital.gov.br]

[15]  NASCIMENTO E SILVA, Luiz Gonzaga do. Prefácio de Questão Minas x Wernerck Obras Completas de Rui Barbosa - Vol. XLV 1918 - Tomo IV - Rio de Janeiro : MEC/Fundação Casa de Rui Barbosa, 1980.

[16] Jornal Última Hora, de 6, ago, 1917. [bn.digital.gov.br]

[17] Jornal do Brasil, 15, jan, 1910 e 17, ago, 1917. [bn.digital.gov.br]

[18] A indenização recebida por Werneck - aqui

[19] Carlos Henrique Rangel (Historiador) - Lambari: o município e a estância hidromineral - Histórico elaborado para o Processo de Tombamento do Conjunto Arquitetônico do Cassino de Lambari – IEPHA/MG.

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Publicado por Guimaguinhas
em 19/02/2018 às 09h41
 
14/01/2018 10h01
MEMÓRIAS DE AGUINHAS - A Estação Ferroviária de Águas Virtuosas de Lambary

Ilustração: Réplica de relógio da antiga Estação Ferroviária de Águas Virtuosas, existente na livraria Estação do Livro, em Lambari, MG


SUMÁRIO


Apresentação

Como já contamos na Série O TREM DE AGUINHAS (aqui), a Estrada de Ferro Muzambinho chegou a Jesuânia em 1894. Em 1o. de março, essa estação (chamada então Bias Fortes) foi inaugurada. No dia 24 do mesmo mês a estrada de ferro chegava às Águas Virtuosas. 

  • Sobre essa ferrovia, veja aqui

A primeira estação foi a Parada Melo, a Estação Ferroviária de Águas Virtuosas foi inaugurada alguns anos depois. Houve um plano de Werneck de se construir uma estação ao lado do Cassino, o que acabou não ocorrendo.

Neste post, vamos conhecer a história das estações férreas de nossa cidade.

Confira.

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O Apeadeiro Mello

Quando a linha férrea chegou a Águas Virtuosas de Lambary, em 1894, o trem fazia uma parada nos fundos do Hotel Mello; Em 1908, essa parada foi ampliada, sendo conhecida como Apeadeiro Mello, que depois passou à história de nossa cidade com o nome de Parada Mello. Nos anos 1940, com a construção do Hotel Imperial, a Parada Mello ligava-se diretamente a um dos salões do hotel. (Veja aqui)

Em 1908, o Hotel Mello fazia propaganda do Apeadeiro Mello.

Confiram:

Reprodução: O Paiz, 27, ago, 1908 (bn.digital.gov.br)


1914: chegada de turistas na Parada Mello. O Hotel Mello pode ser visto ao fundo.

Reprodução: Revista Fon Fon n. 17, de 1914 (bn.digital.gov.br)


Parada Mello nos anos 1940, já ligada ao hall do Hotel Imperial


Memórias de Varginha: Rede Mineira de Viação

Trecho de crônica do professor Antônio Pereira Brandão, publicada em 3 de julho de 2014, no blogdomadeira.com.br

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No entanto, o menino de calças curtas ainda não havia se entrosado com a turma para tentar esquecer um pouco os encantos da cidade natal; os brinquedos e passeios, quando a composição se aproxima de Lambari, para embargue ou desembarque na querida Parada Melo, colada ao Hotel Imperial. Era o ponto mais festejado nesta passagem pelas águas minerais! Com isso, novas recordações dos Pais, irmãos, parentes, companheiros dos piques, das engraçadas cenas de mocinho com fala enrolada dos inesquecíveis faroestes. Lambari significava charretes, cavalos, garrafas e garrafões de água mineral, porque a visita ao parque das águas era o passeio, o badalado, o imperdível passeio.

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A Estação Férrea ao lado do Cassino

Nos planos das obras de remodelação da estância de Águas Virtuosas, idealizados por Américo Werneck nos anos 1910, estava a construção de uma nova gare [estação férrea], como noticiou o jornal O Paiz:

Reprodução: Jornal O Paiz, de 6, set, 1909 (bn.digital.gov.br)


Essa estação férrea seria edificada ao lado esquerdo do Cassino, na plataforma ainda hoje existente.


Reprodução: Jornal O Paiz, de 25, abr, 1911 (bn.digital.gov.br)


Werneck planejou construir a estação ferroviária ao lado do Cassino, o que acabou não acontecendo.

Vista aérea da linha do trem contornando o lago, passando pelo pontilhão e seguindo em direção à Parada Mello (anos 1960)

Nessa foto do Farol, pode-se ver ao fundo o pontilhão da estrada de ferro, que contornava o Lago Guanabara, como está na foto abaixo:

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A Estação Ferroviária de Águas Virtuosas

Nos anos 1920, a Estação Ferroviária de Águas Virtuosas foi construída, seguindo modelo tradicional de suas congêneres, por todo o Brasil:

Reprodução: Estação de Lambari, no primeiro plano o girador das máquinas (Revista Brasileira de Geografia, outubro-dezembro de 1947, p. 536)


 

Reprodução: Turistas na estação de Lambari preparando-se para uma passeio a Cambuquira (Revista Fon Fon n. 16, de 1923 - bn.digital.gov.br)


Emília Bispo Salles, esposa do agente ferroviário sr. Joaquim Salles, pajeando netos, na casa existente nas dependências da antiga estação


Joaquim Salles e netas (Celeste Emília e Maria Dorotéia), nos anos 1960. Ele foi o último agente da estação ferroviária de Lambari


A menina Tugucha (Delmira Maria de Vilhena), na estação ferroviária, que pode ser vista ao fundo

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A Estação de Nova Baden

A Estação de Nova Baden foi criada em 1901 (aqui), para servir à colônia agrícola de Nova Baden, na qual se instalaram colonos austríacos, alemães, espanhóis e italianos, no final do Século XIX/início Século XX.


Inauguração da Estação de Nova Baden (1901)

Turistas a cavalo e troles visitam a estação de nova baden, início dos anos 1900

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A construção da Rodoviária de Lambari

Como se sabe, em julho de 1966 os trens pararam de circular em Águas Virtuosas de Lambary, e suas linhas férreas, estações, caixas d'água, viradouros, etc. foram completamente abandonados.

Em 1967, visto o lastimável estado do prédio da estação ferroviária, já havia planos de transformar o local, adaptando-o para uma estação ferroviária, o que acabou ocorrendo em 1988/89.

Em algumas outras localidades de Minas Gerais, preferiu-se recuperar o prédio das estações e transformá-los em espaços de memória e cultura. Confira:

  • Reinauguração da Estação Ferroviária de Varginha - aqui
  • Reinauguração da Estação Ferroviária de Passos - aqui

 

Reprodução: Correio da Manhã, 9, mar, 1967 (bn.digital.gov.br)


Reprodução: Minas em Revista - n. 99, maio de 1988


A Estação Rodoviária de Lambari (Reprodução: lambari-mg.blogspot.com.br)

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A revitalização da Parada Mello

Neste ano de 2018, por iniciativa da AMEL Lambari, em concordância com a administração do Condomínio do Hotel Imperial, deverão ser feitas obras de revitalização do espaço da antiga Parada Mello

Vista da Parada Mello, aos fundos do antigo Hotel Imperial

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Referências

  • Jornal O Paiz, 27, ago, 1908; 6, set, 1909 e de 25, abr, 1911 (bn.digital.gov.br)
  • Revista Fon Fon n. 16, de 1923 e n. 17, de 1914 (bn.digital.gov.br)
  • Jornal Correio da Manhã, 9, mar, 1967 (bn.digital.gov.br)
  • Revista Brasileira de Geografia, outubro-dezembro de 1947, p. 536
  • Minas em Revista - n. 99, maio de 1988
  • http://lambari-mg.blogspot.com.br
  • Facebook/delmiramariavilhena
  • blogdomadeira.com.br
  • Museu Américo Werneck

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Publicado por Guimaguinhas
em 14/01/2018 às 10h01
 
12/01/2018 08h31
MEMÓRIAS DE AGUINHAS - "Brazil" e " Minas" - Antigos colégios de Aguinhas

Ilustração: Reprodução: capa do folheto Collegios "Brazil" e "Minas" (Graphica Klabin, 1905) - Acervo da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa - BH


SUMÁRIO


Apresentação

Em 1905, o casal Francisca Amélia Vianna e Joaquim Lopes Vianna, educadores e diretores de colégios particulares, vieram para Águas Virtuosas do Lambary e aqui fundaram duas escolas: uma para meninos e outra para meninas.

No final daquele ano, a título de propaganda, mandaram imprimir o folheto abaixo, com informações sobre a fundação dos colégios e o ano letivo de 1905. 

Neste post, contamos esta história.


Reprodução: Capa. Collegios "Brazil" e "Minas" - [Folheto] Empreza Graphica Klabin, São Paulo, 1905 - Acervo da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa - BH

(*) Este exemplar traz a assinatura do prof. Paulino d'Araújo Filho e a data: Christina, 22 de janeiro de 1906


Reprodução: Jornal O Paiz, 27, jan, 1905 (bn.digital.gov.br)


A proposta educacional

Na fundação dos colégios, a diretoria enviou aos pais e famílias de Águas Virtuosas do Lambary uma circular, na qual resumia a proposta educional, que dizia, entre outras coisas:

  • Os dois colégios oferecerão aos senhores pais as mais sólidas garantias para educação e instrução de seus filhos.
  • A escolha da Vila de Águas Virtuosas para fundação dos colégios se deveu à notória salubridade de seu clima admirável e da justa fama das fontes medicinais, altamente conceituadas.
  • No currículo escolar, incluíam-se novas disciplinas, como: o estudo da Constituição do País e do Estado, e noções de Direito Civil e Penal.
  • O ensino era de orientação católica, sem excluir tolerância para com outras crenças.
  • O uso dos uniformes se dava em razão de economia e igualdade e fraternização entre os jovens.
  • Nas escolas, não eram admitidos castigos que não os morais, os conselhos amoráveis e persuasivos.
  • Eram ensinados também rudimentos de agricultura e ciências conexas e o preparo cuidadoso em escrituração comercial, noções essas indispensáveis para as labutas da vida.

O Colégio "Brazil"

Com instrução primária e secundária para meninos, na forma de internato e externato, o Colégio Brazil tinha como diretores/professores Charles Noguerés e Joaquim Lopes Vianna, e como professores conhecidas personalidades públicas de Águas Virtuosas do Lambary:

  • João Bráulio Júnior
  • Garção Stockler.
  • José Camarinha
  • Benício Chaves
  • João de Almeida Lisboa
  • Paulino de Araújo Filho

O antigo Colégio Brazil estabeleceu-se ao lado do Parque das Águas, até 1908, no local onde posteriormente funcionaria o Cassino das Fontes e o Clube das Fontes [MILEO, 1970]


  • Sobre João Bráulio Júnior, veja este post: aqui 
  • Sobre Garção Stockler, veja este post: aqui
  • Sobre o Dr. Benício Chaves, veja aqui
  • Sobre João de Almeida Lisboa, veja estes posts: aqui e aqui

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O Colégio "Minas"

Com instrução primária e secundária para meninos, na forma de internato e externato, o Colégio Minas tinha como diretores/professores Francisca Amélia Vianna, seu marido Joaquim Lopes Vianna e Charles Noguerés, e como professores conhecidas personalidades públicas de Águas Virtuosas do Lambary:

  • João Bráulio Júnior
  • Garção Stockler.
  • José Camarinha
  • Benício Chaves
  • João de Almeida Lisboa

Reprodução: O Malho n. 194, de 1906 (bn.digital.gov.br)


O antigo Colégio Minas situava-se no prédio acima, onde depois funcionou o Colégio Santa Terezinha e a Prefeitura Municipal de Lambari

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  • Sobre o Colégio Santa Terezinha, veja este post: aqui
  • Sobre o incêndio no prédio da Prefeitura Municipal, veja este post: aqui

Jornais de comunidades italianas

Curioso notar que jornais de comunidades italianas também faziam propaganda dos colégios Brazil e Minas e da Vila de Águas Virtuosas.

De fato, colhemos no Do Bersagliere, órgão da colônia italiana no Rio de Janeiro, esta nota;

AV [Águas Virtuosas], 28, Gennaio 1905

Essendo AV dotada ci clima saluberrimo, acque minerali riconoscinte le migliori esistenti nel Brasil

E também A Fanfula, de 7 de setembro de 1905, comentou as atividades cívicas da Independência, realizadas pelos colégios:

Festa Patria - Acque minerali notalizi

(Frattini) - La festa nazionale del 7 settembre è stata qui solennemente comemorata com uma accademia letteraria, doi colleghi Brazil Minas.


Encerramento do ano letivo de 1905

O jornal O Lambary,  de 1o. de dezembro de 1905, descreveu assim as atividades de encerramento do ano letivo dos colégios Brazil e Minas, de 1905:

No vasto salão do Cassino Popular [que funcionava nas dependências do Hotel Mello], durante 3 dias, com a participação de 76 alunos, foram realizados os exames dos colégios Brazil e Minas, com festejos e leilões de prendas. A festa de entrega dos diplomas foi feita em festa noturna neste mesmo hotel, antecedido de cantos de hinos pelos alunos e exibição da banda local.

As prendas eram doações feitas por comerciantes, cidadãos e pais de alunos, e em 1905 os melhores prêmios foram ofertados por: Silvestre Ferraz (negociante), Antônio Coli (cavalheiro), Gabriel da Luz (fazendeiro), Com. Jerônimo Boavista e Cláudio da Silva (médico do RJ).

Entre as prendas, contavam-se: 1 jogo japonês, bolsa de couro, bengala, papel de carta, vinhos, latas de doces, regador, sabonetes, segura-livros, lapiseira, abotoaduras, binóculo, vista de Aparecida, Vista de Lambary, tinteiro, castiçal, Evangelho, coleção de poesias, livro de contos, pão-de-ló (ofertado por V. Raumundy), revista Tico-tico e prato de doces.

Os exames, que podiam ser assistidos pelos pais, consistiam em provas escritas e orais, com arguição pelos professores. Os melhores alunos ganhavam prêmios e condecorações.

Neste ano de 1905, foram premiados os seguintes alunos:

Curso Primário

  • Prêmio Leitura: João Goulart
  • Prêmio Calligraphia: Salvador Romano
  • Prêmio Portuguez: Halley Gonçalves
  • Prêmio Geografia: Salvador Romano
  • Prêmio Arithmétidca: J. Xavier

Curso Secundário

  • Português: Armando Manso Vieira
  • Francês e Arithmética: Quintino Chagas
  • Inglês: João Gomes de Almeida
  • História: João Lisboa Jr.

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Os alunos

Neste ano de 1905, entre os alunos estavam os seguintes:

Alunos Primário: Ernesto Melo, Genaro Romano, Francisco Moreira, Egydio Raymundi, Gabriel Noronha, Francisco Grandinetti, João Felipe Machado, Américo Carlini, Manoel Maria de P. Vilhena, Anunciato Gesualdi, Alarico Vianna, Cezar Lorenzo, José Augusto Nascimento, Agenor Noronha.

Alunas Primário: Angelina Motta, Judith Vianna, Tereza Grandinetti, Dilandina Nascimento, Clotilde Nascimento, Enyra Ribeiro, Maria Antônia dos Santos, Margarida Noguerés, Amélia da Gama e Maria Rosa Lorenzo.

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Alunos premiados no ano letivo de 1906

Em 1906, estes foram os alunos premiados:

Reprodução: O Malho n. 194, de 1906 (bn.digital.gov.br)

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Outras informações

Por ordem ministerial, alguns alunos eram admitidos gratuitamente.

Confira:

Reprodução: Jornal O Paiz, edições: 12, mar, 1907 e 17, ago, 1908 (bn.digital.gov.br)


Em 1908, o professor Lopes Vianna, fundador e diretor dos colégios Brazil  e Minas, participou de importante evento na cidade de Ouro Fino, no salão da Sociedade Italiana, com a presença do então Senador Bueno Brandão, e dos senhores Dr. Loreto de Abreu, Juiz de Direito da Comarca, Dr. José Ribeiro de Miranda e capitão João Ribeiro de Miranda.

Nesse evento, discutia-se a implantação de um ginásio naquela localidade, nos moldes do já existente em Águas Virtuosas.

Confira:

Reprodução: Jornal O Paiz, edição de 17, jul, 1908 (bn.digital.gov.br)

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Referências

  • Collegios "Brazil" e "Minas" - [Folheto] Empreza Graphica Klabin, São Paulo, 1905 - Acervo da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa - BH
  • Revista o Malho - n. 194/1906 - bn.digital.gov.br
  • Jornal O Paiz - edições citadas acima - bn.digital.gov.br
  • Museu Américo Werneck
  • MILEO, José N. Ruas de Lambari. Guaratinguetá, SP : Gráfica Vila, 1ª. edição, 1970 [Verbete: Avenida Dr. João Bráulio Júnior]

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Publicado por Guimaguinhas
em 12/01/2018 às 08h31
 
07/01/2018 13h30
MEMÓRIAS POLÍTICAS DE AGUINHAS - Instalação do Município em 1902

Ilustração: Recorte título reportagem Jornal O PAIZ, 11, jan, 1902 (bn.digital.gov.br)


SUMÁRIO


Apresentação

Em 1901, a atual cidade de Lambari, foi elevada à categoria de vila com a denominação de Águas Virtuosas, pela Lei estadual nº 319, de 16-09-1901, desmembrada de Campanha e Baependi.

Sua sede se deu na antiga povoação de Águas Virtuosas, e era constituída por 2 distritos: Conceição do Rio Verde e Lambari (atual Jesuânia).

As solenidades de instalação se deram 02/01/1902. 

Esse o tema deste post.

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A solenidade de instalação do município de Águas Virtuosas

O jornal O PAIZ, edição de 11 de janeiro de 1902, trouxe uma completa reportagem da solenidade de instalação do município de Águas Virtuosas. Confira:

Reprodução: Jornal O PAIZ, 11, jan, 1902 (bn.digital.gov.br)

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Foto histórica

Abaixo, foto histórica da primeira câmara de Águas Virtuosas, instalada em janeiro de 1902:

PRESIDENTE: João Lisboa - VICE-PRESIDENTE: Gabriel Romão Carneiro

SECRETÁRIO: Oscar Paes Pinheiro - 

VEREADORES DE ÁGUAS VIRTUOSAS: Joaquim Manoel de Melo, Bibiano José da Silva, Martinho Vaz Tostes, Egydio de Lorenzo

VEREADOR ESPECIAL DE CONCEIÇÃO DO RIO VERDE: Deusdedith Vieira

VEREADOR DE LAMBARY (atual Jesuânia):  Francisco Antônio Correa

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Referências

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Publicado por Guimaguinhas
em 07/01/2018 às 13h30
 
30/12/2017 07h56
RUAS DE LAMBARI (2) - Rua dos Italianos

Ilustração: Placa indicativa da Rua dos Italianos, na casa da esquina com Praça N. S. Saúde


SUMÁRIO


Apresentação

Não existe rua com pedras mudas nem casa sem eco.

Góngora


No começo dos anos 1850, os primeiros italianos chegaram ao Sul de Minas, instalando-se em Campanha (MG). A partir daí, essas famílias atraíram outros conterrâneos com destino àquela cidade. Nas décadas seguintes, diversos membros dessa colônia de italianos se instalaram em Águas Virtuosas de Lambari. 

Em 1894, em Águas Virtuosas, a rua em que moravam diversas dessas famílias passou a se chamar Rua dos Italianos.

É a história dessa rua que vamos narrar a seguir.


Vista da Rua dos Italianos

Gerações de lambarienses passam por esta rua sem conhecer sua importância na história de nossa cidade, surdas ao vozerio de suas pedras centenárias, indiferentes aos ecos de suas antigas casas...


Veja também:

  • Imigrantes italianos - aqui
  • Chegada dos italianos e a rua do mesmo nome - aqui

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As famílias italianas em Águas Virtuosas de Lambari

Na década de 1870, João Marçano e em seguida Lucas Zaccaro vieram para Águas Virtuosas de Lambari, sem as respectivas famílias, e aqui se instalaram como comerciantes; alguns anos depois, retornaram a Itália.

Vindo de Campanha, a partir de 1880, um grupo de famílias originárias da mesma região da Campânia — província de Basilicata, cuja capital é Potenza, situada entre as províncias de Nápoles e Calábria — se instalou em Águas Virtuosas e aqui se fixou.


Região da Basilicata, Itália (Reprodução: GoogleMaps)


Quase todos vinham do mesmo paese* e muitos eram parentes próximos. Ordeiros, operosos, respeitosos à lei, esse grupamento de italianos muito contribuiu para o progresso de nossa cidade. [3, p. 111] 


  • Paese [ital.]. sm. 1 aldeia, vilarejo.2 país.3 região, território. (Dic. Michaelis)

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Fonte: Paulo Roberto Viola [2, p. 72] 


Origem da Rua dos Italianos

Nos anos 1890, várias famílias de italianos estavam fixadas na Rua Camilo Fraga. Na eleição realizada em 15 de novembro de 1894, se decidiu pelo voto dos eleitores italianos — cerca de 30 imigrantes que aqui residiam.

Esses votos ajudaram na eleição do grupo político liderado por Garção Stockler e João Bráulio Júnior, que homenagearam a colônia de imigrantes dando o nome de Rua dos Italianos à antiga Camilo Fraga. Essa circunstância atraiu para aquela rua diversas outras famílias de origem italiana, que residiam em pontos diferentes da povoação. [1, p. 51] 

E a história de Mileos, Violas, Grandinettis, já de origens muito próximas, misturou-se ainda mais ao vozerio, às comidas, às profissões, às artes  de Lorenzos, Biasos, Raimundis. E novos laços familiares se formaram: MILEO e VIOLA. VIOLA e LORENZO. MILEO e RAIMUNDI. GRANDINETTI e VIOLA. BIASO e MILEO.

Mas não foram só italianos que fizeram essa rua famosa: espanhóis, alemães, portugueses (Castilho, Pinto, Silva, Cruz, Sá e Silva, Krauss) também ali residiram, aproximando culturas e originando diferentes núcleos familiares: SANTORO e KRAUSS, SANTORO e PINTO, BIASO e PINTO, GRANDINETTI e CRUZ.

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EgídioPelluse (ao centro) rodeado de membros das famílias Mileo e Viola

Família Grandinetti Cruz - José Honório, d. Silvia e filhos


Olavo Krauss, sua esposa Maria e filhos, ao tempo que moravam na Rua dos Italianos


História de crianças - Solta o Violento!

Os filhos do seu Olavo Krauss passaram parte da infância na Rua dos Italianos, misturados às crianças de lá e a muitas outras que apareciam para as brincadeiras de rua.

Uma dessas brincadeiras tem como personagem o cachorro Violento, que na verdade era um vira-latas ligeiro e brincalhão, caçador de tatus, que era a alegria dos meninos daquela época. O cão pertencia ao Expedito Guimarães (conhecido por Expedito-sem-braço), primo do meu pai (Dé da Farmácia) e é Expedito quem me recordou essa história, também contada pelo meu falecido sogro Célio Krauss.

Pois bem, a brincadeira consistia em levar o Violento para o alto da rua, segurá-lo e soltá-lo juntamente com alguns meninos, numa corrida tresloucada ladeira abaixo.

Dizem que o menino Célio Krauss era o único que vencia o Violento nessa brincadeira...


     

Os meninos Expedito Guimarães e Célio Krauss, personagens dessa história

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Rua dos Italianos nos tempos de Werneck

Em 1909, Américo Werneck assumiu a prefeitura de Águas Virtuosas de Lambary e a presidência da Comissão de Melhoramentos e a superintendência das obras de embelezamento da cidade. Para isso, adquiriu cerca de 100 terrenos e prédios, alguns na Rua dos Italianos, seja para dotar a cidade de novas ruas e avenidas, seja para construção de prédios e edificações que idealizara (cassino, lago, hotel, teatro, etc.), alguns dos quais não chegou a realizar.


Vista da Rua dos Italianos, nos anos 1900

Ao lado direito do Cassino, em 1911, ainda estavam de pé os prédios pertencentes a Manoel Viola e Salvador Priante, que foram demolidos para formação da esplanada onde deveria ser erguido um grande hotel

1911: Ao fundo, à direita do Cassino, veem-se antigos prédios da Rua dos Italianos, posteriomente demolidos


Rua dos Italianos nos anos 1950

Na foto abaixo, dos anos 1950, veem-se os principais prédios da Rua dos Italianos, alguns dos quais ainda existentes.

Vista da fachada das casas na Rua dos Italianos, anos 1950.

  • (1) Família Hélio Silva
  • (2) Família Sá e Silva
  • (3) Casarão seu Olavo Krauss
  • (4) Família Castilho
  • (5) Vila Santo Estevão

Anos 1940: Esquina da Rua dos Italianos com Silviano Brandão (atual Dr. José dos Santos), a chamada Esquina dos Três Poderes (em razão de 3 bares que existiam nas esquinas, entre eles o conhecido Bar Sete)


As Vilas

Com o morar muito próximos e a formação de novas grupos familiares, surgiram as vilas* de casas — pequenas casas construídas aos fundos dos prédios principais fronteiros à rua.


  • Vila: Conjunto de casas, geralmente iguais, dispostas ao longo de um beco ou ao redor de uma pequena praça interior, com uma saída para a rua; avenida. [Dic. Michaelis]

Arranjo de azulejos com imagem de Santo Estevão, que dá nome à vila, construída por José Freire das Neves

A fachada da Vila Santo Estevão foi preservada



O sobrado da família Sá e Silva ainda persiste

E também o sobrado da família Grandinetti Cruz


Mudanças na Rua dos Italianos

Em 5 décadas, muita coisa mudou na área urbana de Lambari. Como é natural — em prejuízo dos pósteros e da memória urbanística das cidades — antigos prédios cederam espaço a construções modernas.

Confira duas ocorrências nas fotos abaixo:


Foto dos anos 1960: Ao fundo, a Rua dos Italianos, com o Casarão do sr. Olavo Krauss. Na esquina, à direita, um antiga residência

O casarão do seu Olavo Krauss foi demolido

A antiga residência da esquina (Rua São Paulo - atual Wadih Bacha - com Rua dos Italianos) deu origem a uma casa moderna

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Fotos

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Os meus bisavós italianos: Bordigoni e Gentilli

Neste link (aqui), eu conto as origens dos meus bisavós, que, vindos de Massa (Itália), se instalaram primeiramente na região dos Ribeiros (próximo de Heliodora) e depois se fixaram em Águas Virtuosas, na Vargem (bairro Vila Nova), como horticultores.


 

Francesca Bordigoni (Chica Gorda) e Giuseppe Gentili (José Gentil), meus bisavós italianos

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Outras ruas e praças mencionadas no site GUIMAGUINHAS

  • Rua Comendador José Breves - aqui
  • Praça Edmundo Lins - aqui
  • Rua Domingos do Espírito Santo - aqui
  • Praça Vivaldi Leite Ribeiro - aqui
  • Praça Conselheiro João Lisboa - aqui
  • Rua Benício Chaves - aqui
  • Prefeitos e administradores que deram nomes a ruas:

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Informações ou correções

  • Se você, caro leitor, tiver notícias, informações e fotos de pessoas ou famílias aqui mencionadas, ou se quiser fazer alguma correção ou complementação ao texto aqui publicado, entre em contato conosco neste e-mail: historiasdeaguinhas@gmail.com ou pelo Facebook: https://www.facebook.com/historiasdeaguinhas/

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Referências

[1] MILÉO, José Nicolau. Ruas de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970, págs. 47 e 50

[2] VIOLA, Paulo Roberto. Lambari, como eu gosto de você. Rio de Janeiro : Ed. Navona, 2002, pág. 63 e 72.

[3] MILÉO, José Nicolau. Subsídios para a história de Lambari [A fixação do elemento italiano na cidade]. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970, págs. 107 a 114

Fotos: Museu Américo Werneck e arquivo pessoal do autor.

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Publicado por Guimaguinhas
em 30/12/2017 às 07h56
Página 40 de 108

Espaço Francisco de Paula Vítor (Padre Vítor)

 

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