Guimagüinhas
Memórias familiares e de minha terra natal
Meu Diário
18/07/2016 17h59
MEMÓRIAS DE AGUINHAS - Uma noite elegante no HOTEL MELLO, em 1903

SUMÁRIO


Introdução

Já contamos no GUIMAGUINHAS que o HOTEL MELLO, de Lambari, MG, foi fundado em fins do Século XIX, e em 1938 foi transformado no HOTEL IMPERIAL (aqui).

Pois bem, hoje vamos recordar um sarau ocorrido nesse hotel, em 1903, com o luxo e a pompa daqueles anos antigos, do qual participaram personalidades de então, como Américo Werneck e família, Barão de Paranapiacaba, o acadêmico Raphael Cantinho Filho e o Dr. João Bráulio Moinhos de Vilhena.

Vamos lá.

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O evento

Sarau, como se sabe, é uma reunião noturna, de caráter musical ou literário. Pois bem, houve um desses, numa noite fria de maio de 1903, no Hotel Mello, em Águas Virtuosas do Lambary, dedicado ao Barão de Paranapiacaba e sua mulher.

 O Barão de Paranapiacaba (dr. João Cardoso de Menezes e Sousa) nasceu em Santos, SP, a 25 de abril de 1827. Foi advogado, poeta, professor, deputado e tradutor de obras clássicas do inglês, francês, italiano, grego, latim e hebraico, entre elas: A marmita, de Mário Accio Plauto; Oscar d'Alva, de Byron; Jocelyn, O christão moribundo, A lâmpada do templo, Leonor e Rodolpho, de Lamartine; O primeiro livro de fábulas, Os companheiros de Ulysses e O segundo livro de fábulas, de La Fontaine; Masepa e corsário, Giaour, de Byron; Prometheu, de Eschylus; Antigone, de Sófocles; Alceste, de Eurípedes; e Nuvens, de Aristófanes.

Sua última obra foi Poesias e prosas selectas, de 1910, com prefácio de Quintino Bocayuva. Faleceu este ilustre santista a 2 de fevereiro de 1915, no Rio de Janeiro, com a avançada idade de 88 anos. (aqui). 

O evento, narrado com detalhes pelo jornal Correio Paulistano, do dia 1o. de maio de 1903, teve extenso programa: declamação de poesias, monólogos, cançonetas e concertos de piano.


Recordando

Parte do encanto daquela distante noite de maio de 1903 é possível relembrarmos hoje, com outros personagens. Confiram:

  • Ignês de Castro, poesia de Bocage (aqui)
  • A Lágrima, poema de Guerra Junqueiro (aqui)
  • La Bohème, canto, de Puccini (aqui)
  • Nacturae, Jules Schulloff, para piano (aqui)

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Salão de jantar Hotel Mello, Lambari, MG

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Nota

 Rafhael Cantinho Filho nasceu em em Piracicaba, SP, e foi um dos jovens bacharéis recrutados por Washington Luís, em 1906, para formar a policia de carreira, em São Paulo. Galgou todos os postos da carreira e foi chefe do Gabinete de 1925 a1927. Pertenceu à Academia de Ciências, Artes e Letras dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.

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Referências

  • Jornal Correio Paulistano, edição de 1o. de maio de 1903.
  • http://www.novomilenio.inf.br/
  • Youtube
  • http://memoria.bn.br
  • Museu Américo Werneck

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Publicado por Guimaguinhas
em 18/07/2016 às 17h59
 
10/07/2016 08h15
AS ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY - Análises e propagandas das Águas Virtuosas - Índice da Série

Ilustração: Propaganda das Águas de Lambary (Fonte: Jornal O Democrata, Conselheiro Lafaiete, 1923


SUMÁRIO


Introdução

Como já narramos aqui,  em 1872, o Dr. Eustáquio Garção Stockler fixou residência na então povoação das Águas, e durante os anos de 1884 e 1885 realizou intensa propaganda acerca das virtudes da água, criando para isso um periódico quinzenal intitulado Águas Virtuosas. (aqui) (aqui).

Por essa época, as Águas Virtuosas de Lambary já haviam sido objeto de análises oficiais e já eram conhecidas de alguns poucos.

Mas neste post veremos que já existiam análises e propagandas anteriores a essa época, bem como vamos recordar a grande contribuição que Garção Stockler deu à divulgação da estância e de suas águas virtuosas.

E como este post, iniciamos a Série ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY, cujo índice pode ser visto aqui.

Vamos lá.


  

Águas Virtuosas, centro da vila - meados Século XIX

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Análise das Águas Virtuosas

A primeira análise das águas, oficialmente feita, deve-se aos doutores Agostinho José de Souza Lima, José Borges da Costa e Ezequiel Correia dos Santos, executada em 1872, conforme consta das conhecidas obras de Armindo Martins e José Nicolau Mileo. [1]  [2]

Mas devemos registrar as seguintes estudos e análises, feitos anteriormente àquela data:

  • O primeiro estudo veio a lume entre 1815 e 1826, numa memória assinada pelo médico Manoel da Silveira Rodrigues.

Para saber mais, visite o site GUIMAGÜINHAS:

- A primeira publicação médica sobre as águas de Lambari

  • Uma segunda monografia sobre as propriedades da água e aspectos da povoação de Águas Virtuosas surgiu a 25 de julho de 1840, pelas mãos do médico-cirurgião, e também vereador da Câmara de Campanha, Ignacio Gomes Midões.

Para saber mais, visite o site GUIMAGÜINHAS:

Esboço Histórico e Analytico da Água Virtuosa da Campanha

Note-se, ainda, que o português José Ignácio Midões, físico-mor e bacharel em medicina, elaborou um ensaio analítico, que foi divulgado no jornal O Universal, de Ouro Preto, então capital do Estado, na edição de 7 de novembro daquele ano. 

Confira a seguir.


Um ensaio analítico das águas virtuosas feito em 1825



 

Pavilhão protetor do poço da água (1865) [3]

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A propaganda das Águas Virtuosas de Lambary

Em 1843, o Jornal do Comércio trazia a propaganda de nossas águas, então ditas água virtuosa da Campanha. Confira:

Fonte: Jornal do Comércio, 5, dez, 1843

Fonte: Jornal do Comércio, 30, out, 1840

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O periódico "Águas Virtuosas"

Em 1883, é lançado o jornal Águas Virtuosas, editado pelos médicos Garção Stockler e João Bráulio Moinhos Vilhena, visando à divulgação da estância e das águas de Lambary:

Fonte: O Arauto , S. J. D'El Rey, de 1883

Fonte: 17º Distrito, Diamantina, MG, de 11, set, 1885

Fonte: O Correio, Barbacena, MG, 20, jun, 1886


Na mesma época, propaganda sobre a estância de Lambary e as propriedades terapêuticas das águas minerais virtuosas aparecem em vários jornais de Minas Gerais e do Rio e São Paulo.


Fonte: O Arauto (S. J. D'El Rey), de 14, mai, 1885

Fonte: Jornal do Comercio, 16, abr, 1893

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Índice da Série

Com este post, iniciamos a Série ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY, cujo índice vai a seguir:

  1. Análises e propagandas das Águas Virtuosas - este post
  2. José Nicolau Mileo e os estudos sobre as águas minerais de Lambari
  3. As "águas santas" e o culto a N. S. da Saúde
  4. Antigos manuais de medicina popular
  5. O Pavilhão das Fontes de Águas Virtuosas
  6. A vila de Águas Virtuosas e seu Parque das Águas em 1908
  7. Um antigo relatório sobre o Parque das Águas (1904)
  8. Uma antiga descrição de Aguinhas
  9. A Vila de Águas Virtuosas de Lambary no final do Século XIX
  10. D. Pedro II e as Águas Minerais de "Alambary"
  11. A Água de Lambari num livro do Império do Brasil
  12. A Água Mineral de Lambari (1)
  13. A Água Mineral de Lambari (2)
  14. A Água Mineral de Lambari (3)
  15. Livros sobre a Água Mineral de Lambari
  16. Fotografias clássicas da captação das Águas Virtuosas de Lambary
  17. Breve análise das Águas Virtuosas de Lambary (1896)
  18. A água mineral de Lambari e antigos conselhos às mães do Dr. Rinaldo de Lamare
  19. AS ÁGUAS VIRTUOSAS - Origem e circulação das águas minerais do Sul de Minas
  20. Balneários de Águas Virtuosas de Lambary
  21. O fontanário e a casa de copos de Águas Virtuosas
  22. O Pavilhão das Fontes de Águas Virtuosas

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Referências

[1] MARTINS, Armindo. Lambari - A cidade das Águas Virtuosas. 1a. edição, 1949, pág. 45.

[2] MILÉO, José Nicolau. A água mineral de Lambari. Cruzeiro, SP : Grafica Liberdade, 3a. edição, 1968, págs. 45/51.

  • Jornal O Arauto, São João D'El Rey, números citados
  • Jornal O Correio, Barbacena, número citado
  • Jornal do Comércio, números citados
  • http://memoria.bn.br/
  • http://100anosdecambuquira.blogspot.com.br/.

​Veja bibliografia sobre Águas Virtuosas do Lambary (aqui)

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Publicado por Guimaguinhas
em 10/07/2016 às 08h15
 
04/07/2016 13h42
MEMÓRIAS DE AGUINHAS - Um filme épico com locações em Lambari

Ilustração: Cena do filme Nos tempos de Tibério César,  gravada no Cassino de Lambari, nos anos 1950.


SUMÁRIO


Apresentação

Nos anos 1950, foram rodadas em Lambari algumas cenas do filme Nos tempos de Tibério César, produzido pela companhia Irmãos Brescia e dirigido por Ettore Brescia, filho de Luís Renato Brescia (1903 – 1988).

As locações principais se deram em Três Corações. Houve locações, também, em Cambuquira e Campanha. Em Lambari, elas foram feitas no Cassino, no Parque Novo e na Igreja Matriz.

Vamos recordar um pouco dessa história.


Fonte: http://www.bcc.org.br/


ELENCO

  • Freitas, Shirley (Pompéia)
  • Amaral, Márcio (Petrônio)
  • Rezende, Simeão (Horácio)
  • Brescia, Arnaldo (Marcelo)
  • Sena, Walter (Senador Gálio)
  • Prado, Neuza (Lídia)
  • Naback, Júlia B. (Tércia)
  • Fonseca, Sebastião (Deltério)
  • Branquinho, Manoel P. (Demétrio)
  • Neder, Daniel (Pregador Saulo)
  • Lemos, Aloar R. (Afrânio)

Fonte: http://cinemateca.gov.br/

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O filme

O filme passa-se em Roma, no ano 35, quando da perseguição aos cristãos, que eram sacrificados nos circos. Nesse pano de fundo, ocorre a paixão do legionário Horácio por Pompeia, sua prima e filha do senador Gálio. Essa, no entanto, ama o centurião Petrônio. Há uma luta de morte entre Horácio e Petrônio, e Petrônio sai ferido, mas recupera-se nos braços de Pompeia, e ambos descobrem que são cristãos. E percebem, então, que o Cristianismo começara a penetrar nos palácios dos Césares.


Revista Fon Fon n. 2590, de 24, nov, 1956


Luís Renato Brescia se interessou por cinema pelos idos de 1921 e foi a Milão estudar cinema e química fotográfica. Nos anos 1940, montou um estúdio fotográfico, com o qual produziu curtas, como a série “Mostrando Minas ao Brasil”, composto por títulos como “Lambari”, “Cambuquira”, “Cultura do Marmelo”, “Centenário de Pouso Alegre”, “Varginha”, entre outros.

À época de Tibério César, Brescia era funcionário público, residia em Três Corações e filmava nos fins de semana. Seu filme foi produzido com parcos recursos e diversas improvisações — soldados da ESA, de Três Corações, figuraram como centuriões, legiões romanas marcharam pelas estradas de Cambuquira, o acesso ao Palácio Romano se dava pela escadaria da Igreja Matriz de Lambari...

A película foi revelada, copiada e sonorizada no laboratório do próprio Brescia, de onde saíram 5 cópias, hoje desaparecidas. Anos depois, o filme foi relançado numa versão reduzida, com o nome de “Os Centuriões Rivais”. 


Fonte: Revista Vida Doméstica, out/1956

Uma cena filmada nas escadarias da Igreja Matriz de N. S. Saúde (Fonte: canibuk.wordpress.com)


Outras informações sobre o filme

  • Veja mais fotos do filme (aqui)
  • Veja informações técnicas sobre o filme (aqui)

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Veja também

  • Antigos vídeos sobre Aguinhas (aqui)
  • Aguinhas e o cinema (aqui)
  • A Seleção de 66 em Aguinhas (aqui)

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Referências

  • Museu Américo Werneck
  • Revista Fon Fon (RJ), n. 2590, de 1956
  • http://www.bcc.org.br/
  • http://cinemateca.gov.br/
  • https://canibuk.wordpress.com
  • Revista Vida Doméstica, out/1956
  • bndigital.bn.br

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Publicado por Guimaguinhas
em 04/07/2016 às 13h42
 
24/06/2016 08h02
MEMÓRIAS POLÍTICAS DE AGUINHAS (5) - E então ÁGUAS VIRTUOSAS virou LAMBARI...

Ilustração: Jornais de dezembro de 1930 noticiam a mudança do nome de Águas Virtuosas para Lambari. Montagem. Fonte: (bn.digital.gov.br)


SUMÁRIO


Introdução

Em 1930, por meio do Decreto nº 9.804, de 28 de dezembro, o sugestivo, majestoso e centenário nome de nossa cidade foi alterado de ÁGUAS VIRTUOSAS para LAMBARI.

Neste post, vamos conhecer as razões históricas, políticas e legais dessa mudança.

Vamos lá.

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As origens da Região do Lambari

No Século XVIII, uma expedição de baianos e paulistas penetrou rumo ao Oeste, cortando a Mantiqueira pela garganta do Embaú em direção ao Sertão do Rio Verde. Nessa caminhada, nomeiam Pouso Alto e chegam a um afluente do rio Verde, que denominam de Baependi. A notícia de ouro nas terras banhadas pelos rios Verde e Sapucaí chegou a São Paulo e rapidamente houve o deslocamento de homens para essa direção. [1] [19] [21] 

Foi a picada feita por essa expedição que deu origem à Estrada Geral, em torno da qual surgiram as cidades de Campanha, Pouso Alto, Aiuruoca, São Gonçalo do Sapucaí, Itamonte e outras.

A Estrada Geral ligava a Corte (Rio de Janeiro) à cidade de Campanha (MG), passando por:

  • São José do Picu (atual Itamonte, MG), no Alto da Mantiqueira; 
  • Pouso Alto, MG; 
  • proximidades do Rio Lambari (que nasce em Cristina, MG e passa por Jesuânia, MG); 
  • e as fontes das Águas Virtuosas de Campanha (atual Lambari, MG).

A partir de meados dos anos 1700, dois fatos contribuíram para colonização da região do Rio Lambari: em paralelo à Estrada Geral, e no trecho mais próximo ao Rio Lambari surgiram as primeiras casas e agrupamentos de moradores, que foram se estabelecendo com pequenas lavouras. Em 1749, aparece pela primeira vez o nome de um morador na região: Manuel Vieira. Em 1753 surge a distinção entre Lambari de Cima e Lambari de Baixo, prova de que iam aparecendo moradores em ambas as partes da estrada. E desde 1755 é conhecido o sítio do Lambari, de onde surgiu a povoação que deu origem ao atual município de Jesuânia.   [2]  [8] [19]

E nas fontes das águas minerais, surgiu a Paragem da Água Virtuosa. [2] [3] [19]

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O Rio Lambari

A região de Campanha do Rio Verde foi descoberta pelos paulistas por volta de 1720, tendo pouca divulgação até 1737, quando em 2 de outubro, uma expedição militar sob o comando do ouvidor da Vila de São João Del Rei, Cipriano José da Rocha, veio com a incumbência de reconhecer a região, desbravar os sítios desconhecidos ao longo da bacia dos Rios Verde, Sapucaí e Palmela e tomar posse do território em nome do Rei. [4] [19] [20]

Durante essa empreitada, Cipriano José da Rocha fundou um povoado, batizando-o com o nome de Arraial de São Cipriano. Esse povoado deu origem à cidade de Campanha.

E foi nessa oportunidade que Cipriano José da Rocha conheceu o Rio Lambari. De fato, diz ele no ofício então mandado a D. Martinho de Mendonça de Pina e Proença, governador da capitania mineira:

As terras destas Minas é (sic) uma dilatada Campanha do Rio Lambari para dentro. Exceto uma serra que tem seu princípio no mesmo rio e se dilata por espaço de uma légua, toda coberta de matos, por onde vem a estrada que mandei abrir e achei muito capaz. São os ares muito alegres, de maravilhosa vista e com melhor assento que as terras de São João d'El Rei. Tem o Lambari copiosa abundância de peixe grosso e miúdo, de admirável sabor e gosto, por ser todo de pedras o rio. E com redes que trouxe fiz uma grande pescaria, sem muito trabalho. (Grifei) [5]

Note-se que a força do nome LAMBARI para o rio da região vai se impor até mesmo no entorno das fontes de águas minerais, visto que o nome primitivo do nosso Rio Mumbuca era Lambari pequeno.

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Águas Virtuosas do Lambary

No início do século XIV, já acreditando nos valores medicinais das águas da antiga fazenda Trás da Serra, a Câmara de Campanha compra parte dessa terra que passou a ser conhecida como Ágoa Virtuosa.

Em decorrência dos valores medicinais dessas águas santas, criou-se o povoado que foi distrito de Campanha até 1901, quando é fundado o município, com o nome de Águas Virtuosas, mais tarde, Lambari.  [18]

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Mapas da região do Rio Lambari

Fonte: Atlas Chorograhico Municipal


Fonte: CARROZO, 1988, p. 34


Observações quanto ao mapas acima:

  • A atual cidade de Lambari (MG) surgiu de extensão de terras desmembrada do município de Campanha (MG) e Baependi (MG). Antes de tornar-se município, essa extensão chamou-se Águas Virtuosas de Campanha, e abrangia áreas correspondentes aos atuais municípios de Jesuânia (MG) e Conceição do Rio Verde (MG)
  • Assim, a “Lambari” indicada no mapa se refere à "antiga Lambari" (que atualmente é a cidade de Jesuânia, MG)
  • A “Águas Virtuosas” indicada no mapa se refere à atual Lambari (MG).
  • O Rio Lambari nasce em Cristina (MG), passa por Jesuânia (MG), e ao se encontrar com o Rio Mumbuca (antigo Lambarisinho ou Lambari Pequeno) forma o Rio Itaici, que desagua no Rio Verde, em Conceição do Rio Verde (MG).

Fonte: A circulação entre o Rio de Janeiro e o Sul de Minas Gerais, c. 1800-1830 -   
Cristiano Corte Restitutti


Estrada Real: mapas dos caminhos das Minas Gerais para o Atlântico (Fonte: Rede Graal)

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A expressão ÁGUAS VIRTUOSAS

Além da importância fundamental ao meio ambiente, as águas de fontes santas, milagrosas ou curativas possuem estreita correlação com a origem, história, tradição, saúde, religião, ciência e economia humana.

Fontes de águas “milagrosas” no Brasil - Fábio Tadeu Lazzerini e Daniel Marcos Bonotto


A expressão Águas Virtuosas designava as propriedades curativas e medicamentosas das águas minerais e sua ação terapêutica e preventiva em face de diversas doenças. Expressões como água santa, milagrosa ou curativa também foram usadas para nomear as águas minerais em diversas regiões do País.  [6] 

Em Minas Gerais, dois filões geológicos de águas virtuosas, constituindo cada um deles uma bacia subterrânea independente, brotam do Planalto da Mantiqueira: Lambari e Cambuquira — Caxambu e São Lourenço. [7] 

Note-se que expressão águas virtuosas foi associada também às águas de Caxambu e Cambuquira, descobertas posteriormente às de Lambari. As Águas Virtuosas de Baependy (depois Caxambu) foram descobertas em 1814, e as Águas Virtuosas de Cambuquira, nos anos 1860.

Por sua vez, a descoberta das Águas Virtuosas de Lambary ocorreu anos antes, em 1780/90, sendo elas designadas inicialmente por Águas Virtuosas de Campanha do Rio Verde, Águas Santas da Campanha e Águas Virtuosas da Campanha. Quando foram descobertas, eram conhecidas em todo território nacional apenas duas fontes hidrominerais: a fonte do Cipó, na Bahia, descoberta em 1730, e a fonte de Caldas Novas, em Goiás, descoberta em 1737.  [8] 

Em torno dessas fontes, surgiu a povoação de Águas Virtuosas, a qual, em 1850, foi elevada à condição de Paróquia (Lei Mineira n. 487, de 28 de junho de 1850). E foi a partir dessa data que a povoação recebeu o nome oficial de Águas Virtuosas e que se deu a divisão da "velha região do Lambari" (que abrangia a atual Jesuânia e a atual Lambari) em duas freguesias: a da Águas Virtuosas (recém criada), e a do Lambari (atual Jesuânia), pertencentes, ainda, à cidade de Campanha. [8] 

A Lei estadual n.° 319, de 16 de setembro de 1901, instituiu o município de Águas Virtuosas, com território desmembrado dos de Campanha e Baependi, ocorrendo a instalação a 2 de janeiro do ano seguinte.


Fonte: O Constitucional, Ouro Preto, MG, 3, out, 1868, anuncia a chegada da Princesa Isabel a Águas Virtuosas, então pertencente a Campanha.


Fonte: A Província de Minas, Ouro Preto, MG, de 3, out, 1885, faz referência às Águas Mineraes do Lambary


Fonte: O Baependyano, Baependy, MG, de 18, abr, 1885, faz propaganda de hotel em Águas Virtuosas do Lambary.


O topônimo LAMBARI

Fonte: Francisco de Assis Carvalho (Entre a palavra e chão: memória toponímica da Estrada Real)


Veja também:

  • Pequena pesquisa sobre o topônimo LAMBARI (aqui)

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As razões alegadas

A principal motivação para edição do decreto 9.804/1930, mencionada pelo então Presidente do Estado, Olegário Maciel, foi de que a mudança do nome da cidade era "desejo dos seus habitantes, manifestado em memorial que lhe dirigiram".

A elaboração desse memorial foi encabeçada pelo diretório político da cidade, do qual participavam, entre outros, o Coronel Serafim de Paiva, o Dr. Manoel Airosa, o Coronel Ovídio Albino e o Coronel Oliveira Lobo.

No documento,  alegava-se, entre outras coisas:

  • que as fontes hidro-minerais aqui existentes eram conhecidas como águas de Lambary, e que também a estância era conhecida como Lambary;
  • que a propaganda das águas da estância era feita sob a denominação de Lambary;
  • que era comum a confusão da estação férrea de Águas Virtuosas, com a estação  de mesmo nome existente no estado de São Paulo (veja aqui);

Fonte: Jornal do Comércio, de 16, abr, 1893


Eis um resumo do memorial supracitado:

 

Fonte: Jornal A Noite, de 8,dez,1930

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Repercussões


O Decreto nº 9.804, de 27 de dezembro de 1930

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Referências

  1. http://sergiopiquetopolis.blogspot.com.br/
  2. http://www.ograndematosinhos.com.br/isabel/outro_matosinhos_84.htm
  3. LEFORT, Mons. José do Patrocínio. A Diocese da Campanha, 1993, pág. 206
  4. FERREIRA DA SILVA, Edna Mara.  Fronteiras ao Sul do Sertão das Minas: Aspectos da formação da Vila da Campanha da Princesa (aqui)
  5. CARROZZO, João. História Cronológica de Lambari - Nascida Águas Virtuosas da Campanha. Piracicaba, SP, Ed. Shekinah, 1988, pág. 20
  6. LAZZERINI & BONOTTO. Fábio Tadeu; Daniel Marcos. Fontes de águas “milagrosas” no Brasil - [Artigo] Ciência e Natura, v. 36 Ed. Especial II, 2014, p.559-572 - Disponível  (aqui)
  7. MOURÃO, Mário. Tratamento hydro-mineral das molésticas do fígado. RJ, Jornal do Comércio, 1939, p. 37
  8. MILEO, José N. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970, págs. 12 e 56.
  9. Atlas Chorograhico Municipal - http://www.albumchorographico1927.com.br/
  10. Rede Graal
  11. http://memoria.bn.br
  12. Jornal A Noite, edições de 8, 19 e 29 de dezembro de 1930; e 2 janeiro de 1931
  13. Jornal O Fluminense, edições de 14 e 29 de dezembro de 1930
  14. Jornal do Comércio, edição de 16 de abril de 1893
  15. O Baependyano, Baependy, MG, edição de 18 de abril de 1885
  16. A Província de Minas, Ouro Preto, MG, edição de 3 de outubro de1885
  17. O Constitucional, Ouro Preto, MG, edição de 3 de outubro de 1868
  18.  Atlas Chorograhico Municipal - http://www.albumchorographico1927.com.br/
  19. LEFORT, José do Patrocínio [Mons.] 8o. Anuário Eclesiástico da Diocese da Campanha. Sul de Minas. 1946. 
  20. ARAUJO, Patrícia Vargas Lopes de. Os Sertões do Rio Verde e a criação da Vila de Campanha da Princesa. Disponível em: https://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/cieia/assets/edicoes/2017/arquivos/39.pdf
  21. ARAUJO, Patrícia Vargas Lopes de. O Brasil no Século XVIII/XIV e a formação territorial das Minas Gerais - A Vila de Campanha da Princesa. Disponível em: ISTO É CAMPANHA Aqui nasceu o Sul de Minas: Patrícia Vargas Lopes de Araújo e a Vila da Campanha da Princesa (istoecampanha.blogspot.com)

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Publicado por Guimaguinhas
em 24/06/2016 às 08h02
 
22/06/2016 07h05
PROFISSÕES DE AGUINHAS - Antigas profissões de Águas Virtuosas

Ilustração: Antigo latão para leite de 50 l, em aço estanhado, produzido pela ABI, de Lambari, MG


SUMÁRIO


Introdução

No tocante ao tema PROFISSÕES DE AGUINHAS, já elaboramos estes dois posts:

  • Carreiros, carroceiros e charreteiros (aqui)
  • Construtores e pedreiros (aqui)

Hoje falaremos de algumas outras profissões e prestações de serviços, como aluguéis de carros de praça, engomadeiras, guarda-livros, funilarias.

Vamos lá.

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Memória digital

Ex libris da Biblioteca Nacional do Brasil, feito porEliseu Visconti, em 1903, confeccionado em nanquim e guache sobre papel medindo 26 X 21 cm


Há inúmeras informações sobre Águas Virtuosas de Lambary em antigos jornais, almanaques e revistas, disponibilizados pela Biblioteca Nacional do Brasil, neste site:


http://memoria.bn.br/hdb/maisacessados.aspx


Entre aqueles documentos, destacamos o Almanak Laemmert, do qual estão disponíveis 38 volumes, relativos a anos entre 1891 e 1940.

Dessa coletânea é que extraímos as informações abaixo, sobre antigas profissões de Aguinhas.

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Antigas profissões de Aguinhas

Carros de praça e dentistas


Carros antigos em Lambari (1928)

O dentista Olavo Krauss e sua mulher Dona Maria do Carmo


Engomadeiras


  

As Irmãs Silvestrini, de Águas Virtuosas, anunciam que se estabeleceram com serviços de lavanderia e engomadoria, no Rio de Janeiro, na Av. Mem de Sá (Lapa), em 1912


Guarda-livros e funileiros


Famílias italianas pioneiras em Águas Virtuosas do Lambary — como Castilho, Biaso e Lorenzo — viram seus descendentes seguir as profissões de pais e avós. 


A família Biaso, pioneira na fabricação de utensílios e aparelhos para laticínios  A contabilidade da família Lorenzo

  • Veja também a Série ABI (aqui)

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Referências

  • Almanak Laemmert - Anos - 1917 e 1918 - Disponível em: http://memoria.bn.br/
  • Wikipedia
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Publicado por Guimaguinhas
em 22/06/2016 às 07h05
Página 52 de 108

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